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Peça "En(cruz)ilhada" é exibida na Bahiana

O monólogo tem texto e atuação do artista Leno Sacramento e traz à tona o racismo institucional.

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“A morte nos invade, nos extermina e nos põe em uma cruz de braços abertos. Ela nos deixa sem escolha, sem opção. Nos dilacera e nos abate pouco a pouco, nos levando a uma encruzilhada”. Assim como é descrito no trecho retirado da sinopse da peça “En(cruz)ilhada”, com texto e atuação de Leno Sacramento. A todo momento, o ser humano é conduzido a várias formas de morte, seja ela social, financeira, estética ou psicológica. Em contrapartida, da mesma forma que o indivíduo pode ser a vítima, ele também pode conduzir a morte de outrem. Sob essa perspectiva, o monólogo “En(Cruz)Ilhada” foi apresentado em duas exibições no Campus Cabula da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, em 17 de outubro.

O ator e intérprete da produção utiliza, como referências para a encenação, vivências que abrangem temas, como racismo, violência, preconceito, exclusões social e financeira, dentro do contexto brasileiro. Por isso, ele pondera que “é emocionante observar estudantes e profissionais da saúde se reconhecendo, em determinadas ocasiões, como condutores da morte social de outras pessoas por meio do racismo institucional, por exemplo”. Para Leno Sacramento, “trazer esse espetáculo para o ambiente da universidade é também uma forma de humanizar os futuros profissionais da área de saúde e, consequentemente, fazer com que o Brasil se torne um país melhor”.


A gestora de Desenvolvimento de Pessoas, Luiza Ribeiro, ficou à frente da iniciativa e mediou as discussões ao final da exibição. O bate-papo contou com frutíferas e empolgadas contribuições do público. A gestora esclarece que “o objetivo, assim como no primeiro semestre, foi dar continuidade a uma reflexão que faz parte da nossa formação humanizada, sobretudo, que respeita as diferenças entre as pessoas”. Luiza Ribeiro explica que a mensagem que a peça transmitiu ajudou a sensibilizar os estudantes com relação à discriminação racial, que está enraizada na cultura: “Leno Sacramento é um grande ator e, por meio desse texto, que é um monólogo em silêncio, ele consegue traduzir muitos sentimentos, ensinando não pela razão, mas pela emoção, pois é dada a oportunidade de se praticar a empatia e, assim, entender a realidade do outro”.

Os estudantes Leonardo Magalhães e Marlon Santos, ambos do terceiro semestre do curso de Medicina da Bahiana, aprovaram a iniciativa. “A peça retrata uma realidade completamente diferente da minha e, por isso, é imprescindível que eu faça essa reflexão, principalmente por ser da área da saúde, pois preciso incorporar essa visão à minha atuação profissional”, conclui Leonardo. Já Marlon Santos entende que a produção o sensibilizou ainda mais por ele ser negro e vivenciar, não de forma direta, como ocorre com outros negros, mas também percebida, o racismo: “O contexto da população negra no país é algo que me choca muito, e o profissional da saúde precisa atender qualquer pessoa com humanidade, independentemente de ela ser negra, branca ou parda”.