Notícias

Notícias

Peça "Criança Viada" encerra temporada na Bahiana com mais de mil espectadores

Foram 15 sessões nos Campi Brotas e Cabula.

compartilhe

Durante os meses de agosto e setembro, a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública abriu seus portões para propagar o amor, o respeito e a tolerância, recebendo o espetáculo teatral "Criança Viada ou de como me disseram que eu era gay". Protagonizado pelo próprio autor do texto, Vinícius Bustani, com direção de Paula Lice e produção de Tais Bichara, o monólogo foi visto por 1.234 espectadores ao longo de 15 sessões que reuniram estudantes de graduação e pós-graduação, professores e colaboradores. 

A sessão de encerramento aconteceu na noite de 18 de setembro, no auditório I do Campus Cabula, com casa cheia.  Além de integrantes da comunidade Bahiana, a exemplo de colaboradores, estudantes, professores e da reitora da instituição, Maria Luisa Carvalho Soliani, também estiveram presentes os estudantes do ensino médio da escola da rede pública Francisco Conceição Menezes, professores e estudantes de outras instituições de ensino médio e superior, além de amigos e familiares do artista.
 

     
Criança Viada ou de como me disseram que eu era gay

A peça é um convite à reflexão sobre o despertar sexualidade – independentemente de qual seja ela – em contraponto às imposições da cultura machista e homofóbica ainda presente e viva na atualidade. Por meio do humor e de artifícios didáticos, o ator utiliza a sua jornada pessoal como ponto de partida para pontuar situações e questionamentos comuns a muitas pessoas, porém vivenciados de forma sigilosa e amedrontada. O ponto de partida é o desabafo para os pais e irmãos sobre a sua homossexualidade.  A partir daí, o espetáculo traz uma militância em combate à homofobia e à intolerância. Após cada sessão, foi realizado um bate-papo com Vinicius, com a participação da diretora da peça e mediação da coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas e responsável por essa iniciativa na Bahiana, Luiza Ribeiro.
 
"São mil corações, mil sonhos, alegrias e libertações. Tivemos momentos incríveis. Através da generosidade de Vinicius, muitas pessoas puderam se libertar. Foram muitos choros, risos, entregas, mas, sobretudo, foram momentos de formação para os nossos professores, alunos, colaboradores e convidados", declarou Luiza Ribeiro na noite de encerramento.
 

     
Também emocionada, a reitora Maria Luisa agradeceu, em nome da instituição, a dedicação da equipe ao longo da temporada. "Foi muito mais do que a gente imaginou. Foi uma coisa realmente muito importante. Vinicius se mostra por inteiro de forma tão verdadeira e simples que a todos emociona. Isso abriu a possibilidade de as pessoas falarem. E a gente precisa falar sobre essas coisas, sobre as coisas das quais a gente não fala, que estão dentro da gente e nos fazem sofrer. Não é só a questão da homossexualidade, mas a peça traz a questão do homem e do machismo, da violência que todos nós vivemos em algum momento, e poder falar é libertador. Estamos em uma escola de saúde e, como profissionais, vamos lidar com pessoas de todos os tipos, todas as cores, todas as sexualidades, de todas as religiões,  portanto, precisamos fazer com que os nossos alunos pensem sobre isso. ”
 
Murilo Assis, estudante de Biomedicina conta como se identificou com o espetáculo: "Achei a peça simplesmente sensacional. Primeiro porque ele falou sobre as fases da vida dele, com as quais eu pude me identificar bastante, já que também sou gay. E isso fez com que eu me colocasse no lugar dele e de persas pessoas que passam por essa situação. Nós, como futuros profissionais da área de saúde, precisamos saber como lidar com as diferenças.”
 

     
Ana Lara Couto Santana, também do curso de Biomedicina, pontua que o amor é o clímax da reflexão proposta pelo espetáculo: "Nós somos todos de saúde, mas, por exemplo, eu sou hétero e desconhecia a experiência da descoberta da sexualidade de uma pessoa gay, ainda mais desde a sua infância. É muito importante nós, como pessoas da área de saúde, termos esse conhecimento para podermos cuidar das pessoas com respeito e amor, mesmo elas sendo diferentes. Temos que aceitar as pessoas independentemente das suas escolhas, porque é amor de qualquer forma e não temos que ser contra o amor. Eu acredito que qualquer forma de amor realmente é bem-vinda".

Andresa Oliveira dos Santos, de 20 anos, do eixo 6A (antigo 3º ano do ensino médio) do Colégio Estadual Francisco da Conceição Menezes, conta que ainda não conhecia a peça, mas ressaltou a importância de discutir o tema: "É o que está sendo muito discutido por esses tempos e quase ninguém tem a atitude de conversar abertamente sobre o assunto, como fez o autor".
 

     
Vinicius Bustani destaca que a peça é uma forma de ampliar a discussão para além do meio artístico. "A nossa escolha por uma linguagem mais didática e, em alguns momentos, cômica não faz com que a peça deixe de ser um ato de militância. É sim, militância, só que por meio da aproximação", explica.
 
O espetáculo "Criança Viada ou de como me disseram que eu era gay" segue em cartaz no Teatro Gamboa Nova, até o dia 29 de setembro, às 19h, sempre as sextas e sábados. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente por meio do site: sympla.com.br/criancaviada.