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Egresso de Biomedicina é aprovado em programa de doutorado na Universidade do Estado da Flórida

Ex-aluno reafirma a importância de desenvolver atividades extracurriculares.

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Graduado em 2016.2, Caíque Costa acaba de ser aceito no programa de doutorado da Universidade do Estado da Flórida, nos Estados Unidos. Nesta entrevista, ele conta sua trajetória no curso de Biomedicina da Bahiana e dá algumas dicas para os acadêmicos interessados em trabalhar com pesquisa básica. Confira.


- Como surgiu sua relação com a Biomedicina?
Sempre quis trabalhar com pesquisa básica, só que, na época em que eu fazia vestibular, no meu entendimento, o curso que iria me oferecer essa oportunidade seria o de Medicina. Então, passei um ano e meio fazendo cursinho pré-vestibular, viajei por vários estados do Brasil, fazendo vestibular em várias universidades na tentativa de ingressar em uma faculdade de medicina e poder fazer pesquisa. Após um ano e meio de tentativa, minha mãe que já vinha pesquisando muito e percebia que eu não tinha vocação para medicina, me falou sobre a biomedicina: “A biomedicina, lhe traz total preparo para o objetivo final que você quer, que é seguir uma carreira científica". Tive minha mãe como minha grande incentivadora nesse processo, ela me deu muita força para estudar mais e me interessar por esse curso. Prestei o vestibular na Bahiana e, na vivência, tive a oportunidade de conhecer mais sobre o curso, laboratórios, pude conversar bastante com os professores, me fascinei, fui aprovado no vestibular e, assim, entrei para o curso de Biomedicina.

- Como foi sua vivência na Bahiana? Sabendo desde o início que gostaria de trabalhar com pesquisa, como se preparou para esse intuito?
Eu sempre pensei lá na frente, que quando me formasse eu teria um mercado concorrido, então, para isso, pensei que precisaria ter alguma vantagem, um diferencial, na minha formação profissional que foram, justamente, as atividades extracurriculares. Pois, no curso de Biomedicina, todos os profissionais, vão ter praticamente as mesmas matérias ao longo de quatro anos, com carga horária semelhante etc., mas o que vai diferir entre os graduados são justamente as atividades extracurriculares que eles fizeram ao longo da sua graduação, portanto, desde o primeiro semestre dei muita importância a isso. No primeiro semestre, comecei na liga acadêmica da doença falciforme (LADF) quando também iniciei um estágio no GACC – Grupo de Apoio a Criança com Câncer, no Laboratório de Sorologia e Imunogenética. Depois, passei para o Laboratório de Paternidade, onde aprendi técnicas de biologia molecular, extração de DNA, processamento pré PCR etc. Com essa oportunidade, aprendi importantes ferramentas que iriam me auxiliar muito futuramente. Então, perto de concluir esse estágio, comecei a buscar novas atividades e comecei a frequentar a Fiocruz, onde participei de sessões científicas e de dois processos seletivos para iniciação científica nos quais não fui aprovado, porém continuei perseverando e fui aprovado no processo seletivo do laboratório de pesquisa da Bahiana, NBBio – Núcleo de Biotecnologia e Bioprospecção, sob a coordenação do professor Geraldo Ferraro. Nesse projeto, pesquisamos polimorfismos genéticos relacionados com a obesidade. A partir dos nossos resultados, escrevemos uma revisão sistemática com o auxílio da professora Caroline Feitosa, que foi publicada na revista da Bahiana "Brazilian Journal of Medicine and Human Health". Esse artigo, também, tornou-se o meu trabalho de conclusão de curso (TCC) e com ele ganhamos o Prêmio Dr. Geraldo Leite  pela melhor apresentação do Simpósio de Biomedicina. No fim da graduação, lembro-me que sempre em congressos e simpósios, na Bahiana, era divulgado o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) e a importância que a inovação tinha na formação científica. Com isso, comecei a despertar interesse pela inovação tecnológica e, hoje, com o apoio do NIT venho desenvolvendo um produto para o qual está sendo submetido o pedido de patenteamento e um software para gestão, armazenamento e comunicação das informações científicas.

- Conte como foi essa caminhada até o doutorado na Universidade do Estado da Flórida.
Após ter feito a iniciação científica, ficou claro para mim que essa era minha vocação e que era o caminho que gostaria de seguir.  Aprendi com meu pai a sonhar alto, a persistir no meu sonho e manter uma boa rede de contatos, foi aí que, ao invés de uma festa de formatura, preferi - e ele pôde me proporcionar - uma viagem para um país de língua inglesa, para poder aprimorar o idioma e paralelamente buscar um estágio em algum laboratório de pesquisa biomédica. Dessa forma, meu pai me sugeriu enviar e-mails para alguns pesquisadores dos Estados Unidos, Canadá e Irlanda, cuja linha de pesquisa me interessava, propondo fazer um estágio voluntário.  Entre eles, o pesquisador da Universidade do Estado da Flórida (FSU), doutor Wu-min Deng, com sua linha de estudo sobre a genética do câncer, foi o que mais me chamou a atenção por suas publicações e pela importância que há em buscar entender os mecanismos genéticos envolvendo o desenvolvimento do câncer. Após conversamos bastante por e-mail, ele me concedeu a oportunidade de estagiar no seu laboratório, foi aí que decidi os Estados Unidos como destino. Inicialmente, passei dois meses na casa de minha tia que me ajudou bastante no aprimoramento do meu inglês para, em seguida, ir para o laboratório do Dr. Wu-min no Tallahassee, capital da Flórida. Fazer este estágio uma experiência fascinante, pude desenvolver um próprio projeto de pesquisa em auxílio aos projetos principais do laboratório, aprendi novas técnicas, participei de aulas e apresentei meu TCC para os integrantes do laboratório. Assim que voltei para o Brasil, o doutor Wu-min Deng continuou me incentivando a me inscrever no processo de seleção para o programa de doutorado do Departamento de Ciências Biológicas que é um processo bem concorrido, em que há estudantes de vários países em busca dessa oportunidade e é composto por várias etapas de análise, entre elas deve-se providenciar três cartas de recomendação escritas por professores, as quais descrevem as potencialidades do aluno identificadas por eles, sendo necessário, também, enviar uma carta de intenção, escrita pelo próprio candidato, indicando o porquê de ele buscar a aprovação nesse programa e o que ele poderá acrescentar, assim como enviar o histórico escolar, currículo, fazer um cálculo da média das notas da faculdade, convertida em um padrão de nota americano, que é chamado GPA (Grade Point Average), a qual varia de 0 a 4 e, por isso, acho necessário cultivar boas notas na faculdade, uma vez que, uma média geral boa na faculdade é muito importante nesse processo, pois eles avaliam todo o histórico do candidato. Além dessas exigências, deve-se obter notas satisfatórias em dois testes, um de conhecimentos gerais que é chamado GRE (Graduate Record Examination) e uma prova de proficiência no inglês chamado TOEFL. Depois disso, o comitê de Admissão do Departamento de Ciências Biológicas irá analisar os candidatos e tomar uma decisão sobre os que serão aceitos, seguida por uma análise dos professores locais e do escritório de admissão da universidade. Uma vez sendo aceito, o departamento irá enviar uma carta chamada “Carta de oferta” esclarecendo os auxílios financeiros como bolsas de estudos, isenção de anuidades, proposta de trabalho etc. que serão oferecidos aos candidatos selecionados.

No meu caso, foi-me ofertado um subsídio para cobrir os valores da anuidade completa da faculdade, uma bolsa de estudo e uma proposta de trabalho de 20 horas semanais como assistente de pesquisa e assistente de professor, cuja remuneração irá custear minhas despesas pessoais.

O grupo de pesquisa em que vou participar atua na linha de pesquisa da genética do câncer, uma área em que sempre fui fascinado. As aulas começam no dia 8 de janeiro, mas pretendo ir antes, por volta do dia 1º de janeiro para já ir me ambientando com a cidade e organizando minha nova moradia. Geralmente, as pessoas que vão estudar na FSU alugam quartos em apartamentos de um a quatro quartos que poderão ser divididos com outros alunos, o que é bom para fazer novas amizades e não ficarmos sozinhos. A inscrição nesses imóveis pode ser feita pela internet no próprio website das empresas. Tenho 24 anos e a duração do doutorado é de seis anos. A princípio, penso em viver por lá, mas ainda tem muito chão pela frente para se tomar uma decisão de fato, mas, a maioria dos profissionais de lá são bem qualificados e têm um ou dois pós-doutorados, cada um, em média, com dois ou três anos de estudo, para conseguir aumentar o número de publicações e conseguir melhores ofertas de trabalho, em faculdades, laboratórios, empresas farmacêuticas etc. 

- A Bahiana teve alguma influência nesse seu novo caminho?
Sim, a vivência aqui na Bahiana, contribuiu muito para descobrir minha vocação. Além disso, o curso de Biomedicina me ofereceu conhecimentos teórico e prático que me ajudaram muito ao assistir aulas e desenvolver experimentos no laboratório da FSU.  Volto a enfatizar com relação, principalmente, às atividades extracurriculares. A Bahiana nos oferece uma ampla gama de atividade extracurriculares, o que traz um grande diferencial para o currículo e até mesmo em nível internacional. Quando estive lá para fazer esse estágio, pude conversar com coordenadores, com alunos e pude falar um pouco das atividades extracurriculares que desenvolvi aqui, sobre a questão, inclusive, de ter publicado um artigo como primeiro autor, o desenvolvimento de softwares, busca por patentes, liga acadêmica etc. e toda essa diversidade e apoio que a Bahiana tem oferecido, certamente foi um diferencial que chamou a atenção lá, de forma positiva, por ser algo além da grade curricular. Fui muito bem acolhido e tive muito apoio de todas as estruturas da Bahiana de modo geral, em especial dos professores Geraldo Ferraro e Caroline Feitosa que me ensinaram muito sobre o processo de pesquisa científica, assim como do NIT, com o apoio da coordenadora Fernanda Ferraz e do pró-reitor Atson Fernandes que me ajudaram a transformar ideias em realidade.